Equilíbrio

Em busca do equilíbrio...entre culturas,
filosofias e tradições, tão vincadamente
distintas... é necessário, todo o cuidado,
atenção e sensatez, para que "o conhecimento"
não nos transporte, para tempos passados
e sobretudo que a nossa mente não nos faça
querer viver no passado, que como a palavra
indica... "passou", não volta mais, é agora
que vivemos e como tal, teremos que olhar
para o Mundo e para Vida de uma forma
lúcida e equilibrada.
Peço aos praticantes de Budo Japonês, que

por ventura, leiam estas breves notas, que
as tomem apenas como ponto de referência
e não como "doutrina" de vida...

Obrigado.

Sensei Gomes da Costa


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Zen


ZEN

A palavra Zen deriva do " sanscrito" = Dyana =, em chinês
= Chan-na =, que significa meditação. Uma lenda diz, que
Buda tenha transmitido as regras a Kasyapa, o seu
discípulo favorito, enseguida, vinte sete Patriarcas
continuaram o ensino até "Bodhidharma", que veio da
India para a China (600) e foi o primeiro Patriarca Chan
(O Zen em Chinês chamava-se Chan). Històricamente,
o Zen foi introduzido no Japão no século XIII , em reacção
contra diversas espécies de Budismo implantadas no
Japão desde o século VI e que se tinham
progressivamente degradado. O Zen é pois uma reacção
integradora, contra as tentações de facilidade que
poderiam conter a doctrina Amidista (Buda Amida).
Na prática os efeitos da doctrina Zen, tiveram uma
influência considerável no Japão, pois a sua aparição
coincidiu com a instauração do feudalismo Japonês,
que data do fim do seculo XII
(é então que a classe dos guerreiros de profissão ,
é levada ao primeiro plano).

== O que é o Zen ==

Do Zen pode-se dizer, tudo o que não é : nem um sistema
de ideias, nem metafísica, nem religião. Não se rodeia
nem de dogmas, nem de crenças, nem de símbolos, nem
de templos, nem de votos monásticos. Para o Zen, não há
nada a procurar, nem nenhum mérito a adquirir. Não é uma
Via, nem necessita de nenhuma Fé, não espera nenhum
Salvador, nem promete Paraíso algum. Não propõe
nenhuma escolha nem nenhuma aquisição. Para o Zen
nada existe, não é questão de definir os objectos, nem
espírito, nem Buda, nenhum ser, nem coisa alguma tem
realidade fundamental. É por isso que um preceito bem
conhecido, de Zen diz : " Mata o Buda ".
O Zen é pois " uma pedra atirada no lago das aparências
para fazer estilhaçar o Vazio de todas as coisas". Se bem
que a essência do real, seja o objectivo final que o Zen
procura, dado que este real é " o Sem Nome ", quer dizer
da mesma Essência que o Absoluto inatingível e
incomunicável, é esse Real que o Zen se propõe
apreender, fora de todo o processo de razão analítica.
É por isso que o Zen não explica nada. Definir uma
Doctrina, seria encontrar-se prisioneiro dessa mesma
doctrina, enquanto que o que " É " aparece como um
relâmpago instantâneo e desaparece com igual rapidez.
O Homem atento apercebe nesse momento uma
compreensão ou iluminação passageira que se chama
" Satori ". A ideia de Vazio pode ilustrar-se assim : " Se
concebermos que a vida do homem se parece a uma
corda com um nó, o Zen propõe ao homem, não de juntar
novos nós, quer dizer de aumentar os seus laços de
conhecimento ou de poderes diversos, mas pelo contrário
desfazer todos os nós da corda , e de lhe restituir a forma
direita e lisa, tal como era na sua origem ". É por isso
que o " Vazio " Zen é o contrário de " Não Existente".
O sentido de Budismo que o Zen dá ao homem, significa
que tudo já existe em Nós e que é apenas suficiente afastar
todas as causas que obscuressem o verdadeiro
conhecimento, para reatar o contacto com esse
conhecimento. Convém notar que um Físico, é capaz
melhor que ninguém, de compreender este raciocínio.
Em última análize, ele sabe que, de todas as maneiras
nenhum homem poderá alguma vez reatar, apartir de
uma molécula original a Ordem da Criação. Muito ao
contrário, quanto mais o infinitamente pequeno, é
explorado, mais campos de energia inumeráveis e sempre
diferentes se abrem na sua frente. " Se bem que o
Universo, à imagem do Electrão, que o continua, não é
senão um campo de probabilidades" ( Louis de Broglie ).
Na ordem da vida corrente, a dificuldade é de aprender, a
não emoldurar ( restringir ) o que É : então o movimento
salta, a palavra pronuncia-se, a substância do Real
aparece. Na vida prática,os adeptos do Zen propõem
um método de meditação aparentemente absurda a que
eles chamam de " Koan ". O koan é uma formula que
fere as ideias recebidas e toda a nossa cultura profunda,
precisamente porque ela, tende a rejeitar todo o
julgamento intelectual e razoável.Por exemplo um monge
lança a seguinte pergunta : " Como pode a minha mão ,
ser como a mão do Buda ? " Resposta : " Tocando
harpa ao luar ". Ou ainda : " Como escapar á palavra
e ao silêncio, se eles pertencem os dois ao mundo do
relativo e do Absoluto ? " Resposta : " Penso nas
perdizes que brincam entre as flores perfumadas".
Em realidade, os monges célebres criaram,
por estas respostas "desconcertantes" toda uma
literatura de " koan " que são sempre necessários
para meditar nos mosteiros.

== O poema de Zen mais antigo começa assim :

"A Via perfeita, é sem dificuldade, só que ela evita escolhas,
só quando se cessa de amar e de odiar, é que tudo pode
ser claramente compreendido. Uma ínfima diferença, é
suficiente para separar o Céu e a Terra. Se quereis chegar
a uma verdade clara, não vos preocupeis com o justo ou o
não-justo ".
" Os conflitos entre ... o justo e
não-justo ...são a doença do espírito "
.
.

......

2 comentários:

ricardo domingos disse...

boa noite sr gomes da costa ,gostaria de ajuda para arranjar um mestre de ninjutsu para a zona do alentejo litoral a zona e grande fica entre sines, santiago do caçem e vila nova de mil fontes era bom faser a divolgação desta arte milenar nesta zona pratico karate ja a algum tempo mas ate gostaria de abrir uma escola de ninjutsu mas como nesta zona não ha nada não sei bem se consgo realizar este sonho que não me larga ja a muito tempo. de qualquer maneira muita sorte . obrigado .
ass. ricardo domingos.
o meu mail e : ricdom@live.com.pt

fernando franganito disse...

Sensei Gomes da Costa.
É com imenso prazer e saudade que recordo os seus ensinamentos e momentos passados na sua companhia. Sempre esteve presente nos meus pensamentos como o único e verdadeiro mestre, apesar de durante estes anos (mais de trinta) ter conhecido alguns intitulados de "mestre".
Nunca treinei para ganhar cinturões, o meu interesse foi sempre o conhecimento.
Tenho lido alguns livros sobre ZEN mas nada é tão claro como as linhas que o mestre escreveu.
É graças ás novas tecnologias que consigo ter um novo contacto seu.
Agradeço esta oportunidade para lhe dar os meus cordiais cumprimentos e agradecer-lhe tudo o que me ensinou.Um grande OBRIGADO.

Fernando Rombinha Franganito
frfranganito@gmail.com