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.....Dojo Tradicional
DOJO -- Local de prática das Artes de Budo, era inicialmente
um lugar mítico, onde o guerreiro se preparava tècnicamente e
mentalmente, para cumprir o seu destino de servir o seu Senhor
feudal, da forma mais breve e honrada possível (a flor do Sakura,
sendo de duração efémera, é símbolo do Samurai), era dito
nessa altura ser "o lugar do despertar", em ligação com as
palavras de Buda: "Despertai", ou seja "tomai consciência",
daí que Dojo, significou durante muitas décadas:
"Local de Iluminação".
JO = Local, DO = tem um significado muito mais profundo,
traduzido normalmente por "Via" ou "Caminho", terá
naturalmente que chegar, ao ponto de tomada de consciência
ou "Iluminação". Assim um dos elementos fundamentais do Dojo
é o Kamiza ou lugar dos Kami (espírito), ou seja um Altar, onde
normalmente se coloca o Kamidana (templo em miniatura, onde
habitam os espíritos dos Mestres que desenvolveram as Artes)
e onde deve haver dois Sanbo (tabuleiros de prática Shinto), nos
quais há recipientes com sal virgem e água como elementos de
purificação, arroz e sake como elementos de oferenda ao espírito
dos Mestres, (conceito Budista de oferecer comida e bebida aos
antepassados). As linhas de orientação de toda a disposição dos
diversos elementos do Dojo, devem obedecer aos princípios do
Feng Shui, assim o Kamiza e respectivo altar deve ser colocado
no ponto do nascer do Sol, as fotografias do Mestres, devem ser
colocadas na linha percorrida pelo Sol, como sinal da sua ajuda,
durante a duração das nossas vidas, quando tal não é possível,
então devemos escolher a disposição mais harmoniosa.
Não se deve entrar calçado no espaço físico do Dojo e muito
menos nos soalhos ou Tatami dedicados á prática, deve-se
moderar o nível de voz e assuntos dos quais falamos dentro do
Dojo. O local deve ser limpo com frequência, se possível pelos
próprios praticantes antes de cada treino, sendo diàriamente se
o Dojo tiver um Uchi Deshi, senão será o Mestre a fazê-lo, pelo
menos os espaços de treino e elementos importantes do Dojo.
Entende-se por Dojo Tradicional, um Dojo onde o Mestre vive,
como total dedicação á sua Arte e total concentração na sua
evolução fisíca, mental e espiritual (não é ter um Dojo em casa,
mas sim ter habitação no Dojo), vivendo com total entrega à
prática na totalidade do seu dia. Era esta a regra em
tempos passados no Japão em todas as Artes, não só de
Budo, mas sim todas as Artes em geral do Shodo ao Shigin...
Num Dojo Tradicional, em geral não há "exames" de
graduação, as mudanças de Kyu ou Dan, são alteradas no
quadro do praticante pelo Mestre ou Senpai responsável
por essa tarefa, parte-se do princípio que, á medida que o
tempo passa, se conhece o praticante "por dentro e
por fora", portanto o "exame" é naturalmente
desnecessário ou apenas um protocolo. Assim o praticante,
concentra-se na Arte e não no grau que lhe é atribuido...
obviamente que o grau reflete o nível de progresso atingido,
mas o nível refere a técnica, o mental e o espiritual... e se a
princípio só vemos o físico e a técnica, só muito mais tarde
damos valor ao mental e espiritual : na "Vida como no Budo"
A hierarquia num Dojo Tradicional não se baseia só na
graduação dos praticantes, o factor mais importante é a
antiguidade e a dedicação ao Dojo, há elementos no topo da
hierarquia que não praticam nenhuma Arte, mais os serviços
que prestam ao Dojo têem toda a relevância e dão-lhes um
estatuto elevado dentro da Família...
No Japão os Mestres que seguiam este caminho e que
atingiam notoriedade, eram considerados pelo Governo
Japonês, tesouros ou monumentos vivos, património do
Japão e eram compensados com uma pequena pensão e
descontos especiais nos tranportes públicos, pousadas e até
em alguns restaurantes. Deviam no entanto participar em
festivais locais ou nacionais, para assim transmitirem aos
mais novos, as tradições do país. No Japão actual esta
tradição vai desaparecendo, é no entanto inexistente no
Ocidente, há mesmo assim Mestres ocidentais, que viveram
no Japão, que seguem esta tradição, em Potugal temos o
Mestre Georges Stobaerts em Sintra e
o Mestre Gomes da Costa em Faro.
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Agradeço á minha esposa Ana e ao meu filho Alexandre, o
sacrifício que representa viver num Dojo Tradicional, local
que é, para todos os efeitos, um lugar público...
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